Font Size

SCREEN

Profile

Layout

Menu Style

Cpanel
Catarina Costa

Catarina Costa

terça, 25 outubro 2011 20:46

Terapias Expressivas

    As terapias expressivas definem-se por utilizarem as diversas artes e expressões (música, dança, pintura, escultura) em contexto terapêutico, visando o desenvolvimento psíquico. São terapias que propõem um aproveitamento simultâneo das capacidades humanas e incentivam ao despertar do lado artístico, musical, lúdico e rítmico numa perspectiva holística. É estimulada a capacidade do indivíduo interligar as suas expressões e os seus processos artísticos, desenvolvendo assim um estado superior de auto-percepção. Podemos mesmo dizer que se o indivíduo conseguir integrar as suas vivências expressivas fragmentadas, irá ver-se a si mesmo e sentir-se como um ser mais completo, e mais conhecedor dos múltiplos aspectos do seu íntimo, sem rejeitar ou esquecer uma parte eles.

    Sublinha-se a importância do acto criador e da experiência estética enquanto processo e não enquanto resultado, não devendo os trabalhos artísticos no contexto terapêutico serem alvo de um julgamento estético ou serem remetidos para as categorias de “bonito” ou “feio”. Não são o talento ou a competência artística que estão aqui em causa, pelo contrário, o que se pretende é que o indivíduo encontre a capacidade de se expressar pela sua própria linguagem não verbal, transmitindo emoções e vivências particulares sem a necessidade de utilizar símbolos convencionais para uma comunicação “correcta”.

    As terapias expressivas, com efeito, visam que a pessoa evolua através das suas potencialidades criadoras – aqui, estimular o fazer arte não é ensinar a representar o mundo de um modo culturalmente aceite, é antes incentivar a representar o mundo através da visão interior do indivíduo. Neste sentido, as desordens emocionais não são tratadas como se fossem doenças, é antes oferecida a possibilidade de dar um nova forma e significado a essas desordens. Aqui não se realizam remoções das partes negativas, opta-se antes por metamorfosear através da imaginação, numa atitude que obrigará o sujeito a tomar consciência dos seus ritmos de transformação interior.

 

terça, 25 outubro 2011 00:30

Prevenção do Suicídio

    Verifica-se que os doentes com HIV têm uma probabilidade muito maior de cometerem suicídio que a população geral. Porém, a maioria dos doentes que apresentam pensamentos, fantasias ou comportamentos suicidas sofrem de perturbações psiquiátricas não tratadas (principalmente depressão), o que revela a importância da avaliação e do acompanhamentos psicológico quando se pretende reabilitar o doente seropositivo. De facto, é recomendável que os clínicos especializados monitorizem por rotina o estado mental do doente e avaliem e debatam explicitamente a existência de ideação e intenção suicida. É sabido que a maioria das pessoas que terminam com a própria vida falam previamente com alguém acerca das suas ideias suicidas, pelo que as referências feitas pelos doentes acerca desta temática devem ser avaliadas de forma séria.

    Os doentes seropositivos estão em especial risco de depressão e suicídio por um conjunto de factores biológicos e sociais (para além das características psicológicas pré-existentes). Relativamente à parte biológica, podemos dar como exemplo que, na infecção HIV, há a degradação do L-triptófano, um dos aminoácidos percursores da serotonina, e a degradação deste aminoácido específico está associada a um acréscimo de sintomas depressivos. Estes aspectos físicos e biológicos conjugados com todo o conjunto de factores de vulnerabilidade social elevam de um modo acentuado a probabilidade do risco de suicídio entre os pacientes com HIV. Com efeito, a discriminação e o estigma experienciada por estes aumentam os seus níveis de depressão e é de sublinhar que a comunidade homossexual, afectada de uma forma desproporcionada pelo HIV, sofre ainda o estigma suplementar da homofobia. Aliás, é de referir que as pessoas homossexuais apresentam taxas consideravelmente mais elevadas de suicídio que a população heterossexual e há estudos que mostram que para alguns homossexuais, contrair HIV está associado à suicidalidade. De facto, colocar-se a si próprio em risco de contrair HIV como um método de suicídio passivo foi um fenómeno que se demonstrou existir nesta população especialmente fragilizada pelo estigma e é relevante que os clínicos tenham em consideração estes aspectos mais escondidos e menos óbvios.

 

terça, 25 outubro 2011 00:10

Atelier de Expressão Plástica

    O atelier de expressão plástica propõe-se como um espaço de abertura e estimulação da criatividade de todos os seus frequentadores. É incentivada a livre expressão pela pintura, pelo desenho ou pela escultura, assim como o desenvolvimento de competências artísticas, não sendo, porém, requerida qualquer aptidão “especial” para a arte. Pelo contrário, todos serão convidados a experimentarem espontaneamente as suas aptidões, que tanto poderão estar despertas como esquecidas, e criarem as suas próprias visões do mundo, seguindo os seus padrões estéticos mais intuitivos. De facto, coloca-se sempre a tónica mais no crescimento pessoal do que no aprofundamento do talento, já que este atelier não se insere no âmbito da educação artística formal. Visa-se pois que os seus frequentadores descubram (ou redescubram) o prazer da criação sem que estejam sob o jugo de uma avaliação exterior e rígida, ainda que a auto-avaliação dos trabalhos realizados seja inevitável e funcione mesmo como um catalisador da vontade e do gesto criativo.

    A experiência estética é transformadora, tendo nós capacidade de dar às nossas vivências um significado mais pessoal. Ao pintarmos um quadro, por exemplo, escolhemos um pedaço do mundo subjectivo que faz sentido para nós reter e reconfiguramo-lo de maneira a que transmita uma mensagem significativa e que se fixa dentro dos limites desse quadro, numa imagem mais duradoura que as múltiplas imagens que captamos continuamente como fotogramas demasiado céleres. São criadas pinturas ou objectos que permanecem para lá do momento da sua execução, sendo que há no ser humano o desejo de construir algo que subsista para além da sua mortalidade, o desejo de deixar uma obra. Quando alguém constrói um objecto pensa na sua durabilidade e na possibilidade que o objecto tem de remanescer, e, neste sentido, este tem um significado para além da vivência da criação. No caso das artes plásticas, há um trabalho que permite, citando Ciornai (2004), “concretamente perceber o que está ali, palpável, diante de nossos olhos”, sendo que “a qualidade de concretude pode ajudar a tocar o que por vezes parece intocável, a limitar e a controlar o que é sentido como devastador”.

 

terça, 25 outubro 2011 00:09

Oficina de Escrita Criativa

    A investigação sugere que a escrita criativa tem um valor terapêutico real, ao permitir a catarse emocional e a externalização, e isto é especialmente importante para aqueles que têm dificuldade em falar aos outros sobre as suas emoções. Vários estudos sugerem que há mudanças cognitivas associadas ao acto de escrever sobre um trauma, por exemplo. Expressar o trauma através de formas não verbais não é suficiente, sendo necessário a tradução desta experiência para a linguagem. Por outro lado, quando se dá um nome e se define no papel uma emoção, há uma redução da intensidade experimentada por essa emoção.

    Durante o processo de escrita, o indivíduo pode ficcionar aspectos da sua vida e de si próprio em diferentes perspectivas, o que lhe permite alcançar uma visão mais globalizante dos seus problemas ou desordens. Aquele que escreve recria-se constantemente na procura da sua própria identidade e do seu eu mais subterrâneo, levando-se a cabo um processo de auto-descoberta em que o autor é, antes de mais, uma personagem que tenta dar sentido aos fragmentos que a constituem. A simbolização, subjacente a todo o processo da escrita, e principalmente a metaforização, mais recorrente na poesia, vão permitir que o autor descubra novas relações de conceitos que se podem traduzir em novas significações para o conjunto de vivências e histórias particulares que se tentam externalizar. Por sua vez, a metáfora é especialmente relevante em momentos em que a linguagem corrente falta para expressar uma dada emoção; as palavras que constituem uma metáfora reflectem aquilo que as palavras não dizem quando empregues na sua acepção quotidiana. De facto, a poesia, mais fragmentária, menos estruturada, e com as suas imagens e metáforas, permite que o indivíduo expresse com mais liberdade e maior fluidez as suas várias partes de si próprio. Por outro lado, o uso de uma narrativa mais organizada permite a elaboração mais congruente e significativa dos eventos da vida do indivíduo, reestruturando a sua percepção acerca dela.

 

Está em... Entrada Grupos Psico-Educativos Catarina Costa